Caminho Traçado: Meu bebê é filho do CEO by Célia Oliveira
Caminho Traçado Meu bebê é filho do CEO by Célia Oliveira Capítulo 5

Capítulo 0005

Sentando-se à mesa de onde trabalhava, Rafa respirava fundo, tentando assimilar ainda o que acabou de ouvir.

— Eu que fiquei encarregada de receber os resultados dos seus exames, por isso, vim até aqui te falar isso.

— Você tem noção do que está me dizendo, Kate? Isso é terrível.

— Eu sei amiga, porque nós duas sabemos quem é o pai da criança.

— Fala baixo — pediu, pois não sabia se Ethan ainda estava em seu escritório.

— O que você vai fazer?

— Vou fazer outro exame, oras — respondeu. — Esse tipo de erro acontece sempre, nos protegemos, que azar seria se eu engravidasse logo de um tipo como ele.

— Então iremos comprar alguns testes de farmácia.

Quando chegaram em casa, Rafa já correu para o banheiro para fazer o primeiro teste, que deu positivo.

— Essas coisas de farmácia não são confiáveis — disse ela, abrindo o segundo, que também deu positivo.

— Amiga, vamos aceitar que você está grávida e ir para o segundo passo? — Kate perguntou, ao ver que a amiga iria abrir o terceiro teste.

— Isso não pode acontecer, Kate.

— Pelo menos você sabe quem é o pai. Imagina se não visse o senhor Ethan no outro dia? Você nem iria saber o nome do homem com quem ficou.

— O problema é que, dentre as possibilidades, um desconhecido seria bem mais apropriado — respondeu.

— Não fala isso amiga, ele tem culpa também, simplesmente o chame para conversar e conte o que está acontecendo.

— Eu não posso — ela respondeu. — Ele disse que não gosta de crianças.

— Então ele devia ser mais cauteloso, e agora não há o que fazer, aproveita que acabou descobrindo no início, assim vocês podem se entender.

— Kate… — ponderou antes de continuar. — E se por acaso ele me mandar abortar?

Kate ficou um minuto em silêncio, pensando no que acabou de ouvir. Realmente, Rafaela podia ter razão, homens poderosos como Ethan, tinham o costume de resolver tudo na base da ameaça e dinheiro.

— A decisão não é só dele. O corpo é seu e esse bebê também é, então não se sinta pressionada.

— Obrigada amiga. — As duas se abraçaram ali, sem dizer mais nenhuma palavra.

[…]

No outro dia, Rafaela chegou cedo no escritório. Ela estava reflexiva e pensava no que iria fazer. Se contasse a ele que estava grávida e o filho era dele, com certeza ele a induziria ao aborto, coisa que ela não tinha coragem de fazer. E se preocupava, pois se não fizesse o que ele queria, com certeza Ethan poderia arrumar um jeito de lhe demitir e ela acabaria desempregada e com contas para pagar. Isso não seria um problema, pois poderia voltar para o Brasil e trabalhar com a família na pousada que tinham, mas havia Kate.

As duas haviam comprado um apartamento e estavam comprometidas a pagar por ele, não seria justo deixar tudo nas costas da amiga e ir embora dali.

Ela analisou novamente a lista de coisas que Ethan havia feito, sobre coisas que ele disse que não suportava e suspirava por não saber o que fazer.

O elevador que dava acesso ao andar que ela trabalhava se abriu e dele, saiu Ethan Smith, com sua aparência imponente. Os executivos da empresa tinham um elevador e corredor privado, mas já era a terceira vez que Ethan chegava pelo corredor dos funcionários, talvez para averiguar se sua secretária estava chegando no horário certo.

— Bom dia, senhor — o saudou, levantando-se da cadeira.

Ele não respondeu, apenas deu um olhar discreto e avistou o papel que estava nas mãos dela.

— Ainda não decorou esta lista? — perguntou, ao ver que ela analisava a lista que ele havia feito.

— Sim, já decorei, só estava relendo para não me esquecer de nada — explicou. Então ele a ignorou e abriu a porta de seu escritório para entrar. — Senhor! — ela o chamou, fazendo com que ele parasse no meio do caminho.

— O que houve? — perguntou impaciente.

— Por que o senhor não gosta de crianças? — Sabia que aquela pergunta poderia soar estranha, mas ela precisava tocar no assunto para lhe revelar sobre a gravidez.

— E precisa mesmo de um motivo? — Riu sarcástico. — Elas são barulhentas, irritantes, sem limites e um atraso de vida.

— Por que acha que uma criança é um atraso de vida? — o questionou?

— Por acaso você não acha? — respondeu com uma pergunta. — Me diz você mesmo, Rafaela, se você tivesse um filho, ele não iria atrapalhar a sua vida?

— Talvez um pouco, mas isso não é um motivo para não gostar delas, não acha? — ela perguntou.

— Um pouco? — Indagou. — Pelo que sei, você mora neste país, longe de sua família. Se por acaso você tivesse uma criança, conseguiria lidar com o trabalho ou outras questões pessoais? Eu as odeio, porque elas são totalmente dependentes, grudentas e inconsequentes.

— Mas o nome já diz, são crianças — explicou.

— Não tenho paciência para esse tipo de coisa — respondeu.

— Então o senhor não cogita ser pai tão cedo? — ela perguntou.

— Eu não cogito ser pai, nunca — ele respondeu.

— Mas se acontecesse? O que o senhor faria? — Insistiu.

— Isso nunca irá acontecer, como você bem sabe, eu sei me prevenir muito bem.

— Nenhum método é cem porcento seguro, e…

— Para com isso — a interrompeu nervoso. — Isso nunca vai acontecer, e mesmo se acontecesse — explicou. — Se por um acaso, uma mulher chegar a engravidar de um filho meu, eu tenho certeza, de que há métodos que podem fazer com que essa criança nunca chegue a nascer.

Os olhos dela se arregalaram, como pensava, aquela seria a decisão de Ethan, não deixar que aquele bebê viesse ao mundo.

— Eu entendi, senhor. — Respondeu com um nó na garganta.

— Tem mais alguma dúvida sobre o que está na lista?

— Não senhor. — Então ele simplesmente virou as costas e entrou em sua sala.

Rafa ficou desconcertada, não sabia o que fazer. Realmente, havia um pouco de razão na fala de Ethan. Uma criança era uma responsabilidade muito grande, que tomaria muito de seu tempo e energia. Talvez ele tivesse razão, o certo era fazer com que esse bebê não nascesse, já que seria uma criança que cresceria com a ausência de um pai e de uma mãe também, pois sozinha, teria que passar a maioria do tempo fora, trabalhando para sustentá-lo.

No computador, começou a pesquisar o nome de clínicas de aborto legalizado, por mais que fosse contra aquela prática, sentia que seria injusto colocar uma criança no mundo para sofrer.

No fim do expediente, sem contar a Kate sobre a sua decisão, pegou um táxi e pediu que ele a deixasse numa das clínicas que ela pesquisou. Seu coração estava despedaçado, mesmo assim, entrou naquele lugar e começou a preencher alguns papéis que a recepcionista deu a ela.

Após preencher, sentou-se numa cadeira e esperou, até que um médico a chamou e pediu que ela entrasse em seu consultório.

— Pelo que li em seus papéis, você acabou de descobrir a gravidez, é verdade? — o médico perguntou.

— Sim, acho que ele tem duas semanas apenas.

— Que bom, isso se tornará mais fácil. — o homem respondeu, sem olhar nos olhos dela. — troque de roupa e deite-se ali — apontou para uma pequena cama — Não vamos prolongar isso.

Uma enfermeira apareceu e deu a Rafaela o que parecia uma camisola hospitalar, e em seguida, mostrou para ela, o lugar onde devia trocar de roupa.

Entrando no pequeno banheiro, ela começou a tirar a roupa e sem querer, passou a mão pela barriga. Lembrou-se de Aurora, que mesmo sozinha, sem familiares ou condições financeiras, descobriu que estava grávida de gêmeos e mesmo assim, não cogitou abortar em nenhum momento.

Por que ela não podia ser como Aurora? Por que estava sendo tão egoísta assim, pensando apenas nela?

Vestindo de novo sua roupa, abriu a porta do banheiro.

— Sinto muito, eu não vou mais fazer isso — disse ao médico e a enfermeira, que a aguardavam para fazer o procedimento.

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