Capítulo 204

Na curva da esquina, o Rolls Royce preto estancou de repente.

Daniel também tinha ouvido o barulho da explosão e percebeu que algo estava errado.

Desligou o carro, saiu e, ao inspecionar, viu que um prego prateado e grosso tinha furado o pneu dianteiro.

O pneu murchava a olhos vistos.

Pela forma, parecia ser agulha de bomba de encher.

Provavelmente, algum moleque estava brincando e deixou cair a agulha, que acabou furando o pneu.

Que moleque irresponsável!

Com um olhar gélido, Daniel espiou em direção ao parquinho.

Heitor, ao perceber o olhar de Daniel, agiu rápido, estendeu a mão e empurrou a cabeça de Joel para baixo, fazendo–o se abaixar.

De costas para Daniel, ele então cobriu a cabeça de Joel com uma bola de basquete, fingindo estar brincando.

Joel, confuso, foi prensado contra o chão, com a bola girando sobre

sua cabeça.

Ele queria chorar e protestou com sua voz infantil: “Mano, o que você

tá fazendo?

“Shhh,” Heitor fez sinal para silêncio, sério e maduro além de sua idade, e sussurrou para Joel: “Se não me engano, foi nossa agulha que furou o pneu do carro, e você tá com a bomba. Se alguém ver, vai sobrar pra

você.”

Joel congelou.

Imediatamente ficou quieto.

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A agulha que ele deixou cair tinha furado o pneu de alguém?

Poxa, não tinha sido de propósito.

Ele escondeu a bomba de encher em seu abraço, para que ninguém a visse.

Heitor, vendo que Joel se calou, continuou baixinho: “Acho que o cara que desceu do carro é o Daniel.”

“Como, Daniel?” Joel exclamou, surpreso, e baixou a voz rapidamente, temendo ser ouvido: “É aquele Daniel que a gente acha que é nosso pai?”

“É ele,” Heitor confirmou em voz baixa.

“Mamãe chegou em casa chorando hoje de manhã, né? Aposto que foi ele que judiou dela,” Heitor conjecturou.

Apesar de jovem, ele era esperto.

Embora a mãe não tivesse dito quem era, pelas pistas dadas, era fácil deduzir.

Não era ele que dizia que a mãe não estava à sua altura, o chefe dela?

Joel lembrou–se de como a mãe havia chegado em casa naquela manhã, com uma aparência lastimável.

Com uma bola de basquete em cima da cabeça, deitado no chão, ele franzia a testa e murmurava indignado: “Ele maltratou a mamãe, bem feito que o pneu dele furou, hum!”

Daniel, com um olhar penetrante, vasculhou o parquinho através da cerca de ferro.

Havia muitas crianças brincando; na área de brinquedos, meninas deslizavam no escorregador.

Na quadra de basquete, meninos jogavam de modo desajeitado.

A princípio, nada de anormal, mas dois garotos fazendo malabarismos

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incomuns com a bola de basquete chamaram sua atenção.

Um menino estava imóvel no chão, enquanto o outro colocava a bola em sua nuca, abraçando–a e girando–a em sua cabeça.

Daniel lançou um breve olhar e desviou a atenção, ligando para Bruno para rebocar o carro e pegá–lo.

Nesse momento, um Porsche prateado parou ao lado da estrada e Sergio saiu do carro.

“Tiozinho, o carro está quebrado?” Sergio se aproximou.

Daniel olhou para ele e instruiu Bruno: “Vem rebocar o carro, não precisa me buscar.”

Após desligar, ele abriu a porta e entrou no Porsche.

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